segunda-feira, 20 de agosto de 2012

IGREJA PRIMITIVA X IGREJA MODERNA (PARTE 3)



A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento a palavra tem sentido mais especializado.

A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o Novo Testamento emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo. 

A igreja  primitiva surgiu no cruzamento das culturas hebraicas e helenística e podemos situá-la entre os anos de 90 a 199 d.C.

O apóstolo João estava vivo ao princípio desta época. Nesta primeira geração de primeiros cristãos, havia gente que tinha conhecido pessoalmente a algum dos apóstolos. Tinham recebido instrução deles.

Policarpo serve como exemplo de tais pessoas. O foi instruído pelo apóstolo João. Esta época terminou com um homem que foi ensinado por Policarpo: Irineu. Assim tinha um só elo humano entre ele e os apóstolos.

Os primeiros cristãos se governavam por fundamentos e valores muito diferentes de seus vizinhos. Recusavam as diversões do mundo, sua honra, e suas riquezas. Já pertenciam a outro reino, e escutavam a voz de outro Senhor. Observamos isto na igreja do segundo século tanto como na do primeiro século.

Os apóstolos da Igreja Primitiva obedeceram ao mandamento de Cristo: “Pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15). 

Analisando as palavras de BERCOT, 1989 observamos que nem todo o mundo se converteu, mas de acordo com o testemunho de alguns de seus inimigos, os discípulos foram culpados de perturbar o mundo inteiro. Em pouco tempo eles já haviam se convertido na luz do mundo; não a luz que se põe debaixo de uma cama, mas naquela que se põe num castiçal. Eles eram como uma cidade assentada sobre um monte que não pode ficar escondida.

Milhares e milhares de pessoas aderiram à igreja. Isto significa muito mais do que adicionar nomes a lista de membros.

Toda a vida das pessoas era transformada completamente. Os demônios eram lançados fora. Seus corações eram inundados pelo amor de Cristo e todos os que o rodeavam, se beneficiavam com as conseqüências de uma vida abençoada por Deus.

A obra de um autor desconhecido, escrito por volta do ano 130, descreve os primeiros cristãos aos romanos da seguinte maneira:

Ainda segundo BERCOT, 1989, os discípulos viviam em seus diferentes países, mas sempre como peregrinos… Estavam na carne, mas não viviam segundo a carne. Passavam seus dias no mundo, mas eram cidadãos do céu. Obedeciam as leis civis, mas ao mesmo tempo, suas vidas superavam a essas leis. Eles amavam a todos os homens, mas eram perseguidos por todos. Eram desconhecidos e condenados. Eram levados à morte, mas [serão]restaurados à vida. Eram pobres, mas enriqueciam a muitos. Possuiam pouco, mas abundavam em tudo. Eram desonrados, mas em sua desonra eram glorificados… E aqueles que os aborreciam não podiam dar razão por seu ódio.

Já que o mundo não era seu lar, os primeiros cristãos podiam dizer sem reserva alguma, como Paulo, “o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Filipenses 1.21).

Justino explicou aos romanos “Já que não fixamos nossos pensamentos no presente não nos preocupamos quando os homens nos levam à morte. De todos os modos, o morrer é uma dívida que todos temos que pagar.”

Para que não pensemos que os cristãos descreviam uma vida que em realidade não levavam, existe um depoimento dos mesmos romanos desta época. Um inimigo pagão dos primeiros cristãos escreveu sobre o assunto e em cima dos escritos de BERCOT, 1989 podemos citar de acordo com o pensamento romano, que os cristãos menosprezam os templos como se fossem casas dos mortos. Recusavam os deuses. Riam de coisas sagradas da idolatria. Ainda que pobres eles mesmos, sentiam compaixão dos seus sacerdotes. Ainda que meio nus, desprezavam a honra e as túnicas de púrpura. Não temiam as tormentas presentes, mas temiam as que por ventura vingariam no futuro. E ainda que não temessem em nada, morrer agora, temiam uma morte depois da morte. Segundo ainda os romanos, a maioria estava em necessidade, suportando frio e fome, e trabalhando em trabalhos esgotantes. Mas seu deus o permitia. Ou ele não queria ajudar a seu povo, ou ele não podia ajudá-los. Por tanto, ou ele era deus débil, ou era injusto. Para eles não havia senão ameaças, castigos, torturas, e cruzes. Onde estaria seu deus que os prometeu ajudar depois de ressuscitar de entre os mortos? E os romanos, sem a ajuda do deus dos cristãos, governam todo mundo, inclusive a eles também, e desfrutavam os bens de todo mundo. Enquanto, os cristãos viviam em incerteza e ansiedades, abstendo-se ainda dos prazeres decentes.

Continuando ainda no pensamento romano, os cristãos não assistiam aos jogos desportivos. Não tinham nenhum interesse nas diversões. Recusavam os banquetes, e aborreciam os jogos sagrados. Assim, pobres que eram, não ressuscitariam de entre os mortos nem desfrutariam da vida agora. 

(SÍNTESE DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO SUPERIOR EM TEOLOGIA)


Pr. José Augusto Pereira Rabello

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